A INTERAÇÃO FONOLOGIA-MORFOLOGIA-SINTAXE: DISCUTINDO MODELOS DE ANÁLISE ATRAVÉS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

A INTERAÇÃO FONOLOGIA-MORFOLOGIA-SINTAXE: DISCUTINDO MODELOS DE ANÁLISE ATRAVÉS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Indaiá Santana Bassani

 

RESUMEN

Qualquer modelo formal de análise linguística deve poder explicar dados linguísticos que sugerem a interação entre diferentes componentes da gramática. Neste trabalho, interessa-nos discutir inicialmente a interação entre os componentes fonológico e morfológico e, então, partir para a discussão sobre a interação esses e o componente sintático ou, mais restritamente, para a discussão sobre estrutura argumental. Para tanto, trataremos de um fenômeno linguístico que necessita de ferramentas explicativas que envolvam esses três níveis de análise no mínimo: o estatuto das formações prefixais do português do Brasil (PB). Partimos do trabalho de Schwindt (2000), que oferece uma primorosa descrição e um tratamento em termos de Fonologia Lexical (Kyparsky 1982; Mohanan 1982) para os prefixos do PB, para, então, discutir uma análise alternativa em termos da Morfologia Distribuída (MD) (Halle & Marantz 1993). Nosso ponto de partida são as três questões resumidas a seguir: i) Se, de fato, o fenômeno da prefixação ocorre em níveis distintos, como explicar o fato empírico de que prefixos ditos “lexicais” ou legítimos (nível I do léxico) podem ser responsáveis pela introdução de argumentos na estrutura sintática em um modelo como a Fonologia Lexical, que não permite a interação entre o nível I do léxico e a sintaxe? ii) É possível tratar as diferenças prosódicas e o diferente estatuto fonológico dos prefixos do PB (Schwindt, 2000) em um modelo não lexicalista como a Morfologia Distribuída? Se sim, de que forma? iii) Como explicar que processos fonológicos não esperados se deem em Prefixos Composicionais sem recorrer a uma explicação por lexicalização? Em conclusão, nosso trabalho comprova as hipóteses iniciais de que não é necessário postular um léxico de dois níveis para explicar o fenômeno da prefixação, tendo assumindo a distinção entre prefixos composicionais e prefixos legítimos, cujos fenômenos empíricos que lhe dão suporte são a atribuição de acento e a distinção entre forma presa e forma livre. O fato de Prefixos Composicionais (PCs) serem acentuados e se juntarem a bases livres e Prefixos Lexicais (PLs) serem sílabas átonas que se juntam à esquerda de uma base presa são faces de um mesmo fenômeno: restrição de localidade na formação de palavras (Marantz 2001, 2008). Dentro no modelo da MD, não precisamos assumir que prefixos são (estaticamente) de tipo lexical ou composicional, mas que podem estar em uma configuração estrutural em que se juntam diretamente a uma raiz, e então são categorizados (internamente a uma fase) ou podem estar em uma configuração de composição, por constituírem núcleo de uma fase que se liga a uma raiz já categorizada (duas fases). Por já ter sido categorizada, a fase com o PC já sofreu spell out recebendo acento e configurando então uma palavra livre na língua. Ainda, a noção de fases na palavra nos permite dar conta de problemas residuais apontados por Schwindt (op. cit.): i) o problema de como explicar que PLs também se ligam a bases livres, sugerindo a existência de dois tipos de PLs, e PCs também se ligam a bases presas, caso em que são tratados como fenômenos de lexicalização; ii) o fato de que alguns PCs sofrem processos fonológicos característicos de PLs, sendo tratados como casos de lexicalização; iii) a impossibilidade de interação entre prefixos de nível I e a estrutura sintática diante da comprovação de que prefixos podem ser responsáveis por relacionar argumentos na estrutura argumental.

PALABRAS CLAVE

Linguística Formal; Gramática Gerativa; Português Brasileiro; Morfologia; Prefixos; Estrutura Argumental
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