O ENSAÍSMO CRÍTICO BRASILEIRO E A LITERATURA COMPARADA NA AMÉRICA LATINA: A QUESTÃO DO OUTRO

Lourdes Kaminski Alves
Universidade Estadual do Oeste do Paraná

 

A proposta deste texto consiste em uma reflexão sobre a prática da Literatura Comparada na América Latina, a partir dos anos de 1970.  Duas tarefas altamente complexas, como diz o crítico Eduardo Coutinho em Literatura Comparada na América Latina (2008). Complexas por que traz a tona uma série de problemas de ordem distinta, desde a indagação sobre os próprios conceitos de comparativismo e de literatura latino americana, até o estabelecimento de relações capazes de pôr em xeque o etnocentrismo que caracterizou a disciplina em sua fase inicial, e que sempre fundamentou o discurso teórico-crítico latino-americano.

O questionamento do caráter universalizante e a desmistificação da proposta apolítica, predominante na Literatura Comparada a partir dos anos de 1970, se desenvolveram de modo diferente nos centros hegemônicos e nos focos de estudos comparatistas tidos como periféricos, mas em ambos os contextos verificou-se um fenômeno similar: a aproximação cada vez maior do comparatismo a questões de identidade nacional e cultural, como aponta Coutinho (2008).

Quanto a estes aspectos, os estudos de Tânia Carvalhal no Brasil, na década de 1980 já mostravam a importância dos estudos comparados sobre o continente latino americano desde a consolidação da Literatura Comparada, como disciplina, no Brasil, devido a reflexões surgidas na ABRALIC em 1986, ano de fundação da Associação Brasileira de Literatura Comparada.

É importante frisar que os estudos de Literatura Comparada sofreram profundas mudanças a partir da década de 1970, no espaço europeu e norte-americano, motivados por perspectivas pós-estruturalistas ou desconstrucionistas, com a própria noção de différance desenvolvido por Derrida (1999a). Esses estudos, muito em voga no meio intelectual europeu e norte-americano, chegaram logo à América Latina.

Inserido no contexto francês, do estruturalismo e da linguística saussureana, Derrida (1999a) propõe uma leitura de desconstrução a partir da filosofia heideggeriana, desenvolvendo a noção de différance. Esse estudo no campo da filosofia e da linguagem propicia um espaço para desautomatização do pensamento, apontando para a multiplicidade de tonalidades possíveis e ocultadas em falsos binarismos. “A diferença é um ponto não fixo que pode estar em qualquer lugar da escala imposta pelas oposições binárias hierarquizadas. A diferença é, na verdade, um arquiconceito, pois nele estão contidos outros conceitos que compõem a noção de desconstrução como o descentramento” (Lima 1).

A idéia de desconstrução derridiana considera que o respeito à singularidade, seria desconstrução de tudo aquilo que se ambicione passar por real. Assim, se cada idealidade é construída na e pela linguagem, uma formação forjada pela repetição e diferença, pode ser desconstruída, abre-se então a possibilidade para o novo. Quando Derrida (1999b) observa que não existe nada fora do texto, significa  que não existe nada fora do contexto, da différance.

Nesta perspectiva, o questionamento de noções como as de autoria, cópia, influência e originalidade, empreendido pelos filósofos pós-estruturalistas atuou de modo profícuo sobre o comparativismo, levando-o a rever os tradicionais estudos de fontes e influências.

A Literatura Comparada, no contexto da América Latina, chegou neste estágio de discussão provocada nos campos da História Literária e da Teoria Literária, no contexto europeu. Este questionamento propiciou um comparativismo voltado para as reflexões sobre idéias de tradição e ruptura e revalorização da contextualização histórica do texto, como expõe Coutinho (2008).

Em meio a este movimento destacam-se no Brasil estudiosos como Tania Franco Carvalhal, uma das maiores expoentes da Literatura Comparada no Brasil, Antônio Cândido, Eduardo Coutinho,  Silviano Santiago, entre outros.

É importante lembrar que Silviano Santiago teve a oportunidade de entrar em contato com pesquisadores de universidades francesas e de universidades dos Estados Unidos, em função de estudos realizados na França na década de 1970. Dessa forma, o escritor e crítico pode fundamentar suas reflexões sobre Literatura Comparada, aproveitando o conhecimento das teorias mais recentes para sistematizar um pensamento que procurava entender as relações entre culturas dominantes e dominadas.

A produção ensaística de Silviano Santiago apresenta uma crítica de abordagem interpretativa da obra literária, em oposição à prática de análise textual vigente nos estudos estruturalistas, que se amplia com a perspectiva dos estudos sobre  intertextualidade. Abre-se assim, importante perspectiva metodológica para a Literatura Comparada na América Latina, uma vez que se começa a refletir sobre noções de apropriação, de autoria e de autoridade do texto paterno. Aliado aos estudos de Derrida e a outros filósofos pós-estruturalistas ou desconstrucionistas, Silviano Santiago fundamenta uma crítica literária latino-americana que se interessa em pensar a questão das relações culturais entre os países, ao problematizar idéias de verdade, centralismos e origem. Desta forma, o crítico brasileiro aproxima-se das reflexões de Coutinho quando o mesmo observa que o texto segundo não é mais o “devedor” no processo de comparação, mas também, o responsável pela revitalização do primeiro, importando ao comparatista estudar o elemento de diferenciação que o texto segundo introduz no diálogo intertextual estabelecido com o primeiro.

Recorremos aqui ao ensaio denominado – “O entre-lugar do discurso latino-americano” – em que Silviano  propõe uma subversão das hierarquizações efetuadas durante séculos em torno dos critérios de “atraso” e de “originalidade”, defendendo a utilização de um “pensamento criado pela imaginação do paradoxo”, em que o único valor crítico seria a diferença estabelecida entre a cópia e o original.

O imaginário, no espaço do neocolonialismo, não pode ser mais o da ignorância ou da ingenuidade, nutrido por uma manipulação simplista dos dados oferecidos pela experiência imediata do autor, mas se afirmaria mais e mais como uma escritura sobre outra escritura. […] Pierre Menard, romancista e poeta simbolista, mas também leitor infatigável, devorador de livros, será a metáfora ideal para bem precisar a situação e o papel do escritor latino-americano, vivendo entre a assimilação do modelo original, isto é, entre o amor e o respeito pelo já escrito, e a necessidade de produzir um novo texto que afronte o primeiro e muitas vezes o negue (Santiago, O entre-lugar do discurso latino-americano 23-24).

Assim, são questionados os estudos que ressaltam a dependência da literatura e da crítica dos povos colonizados, que insistem no mapeamento das fontes e influências, ou que consideram a apropriação de um discurso produzido nos grandes centros por parte da cultura periférica, como um deslocamento em que as idéias estariam “fora do lugar”.

A idéia de “entre-lugar” se potencializa no estudo da produção literária, artística e ensaística produzida no Brasil e na América Latina, pós 1970,  ao motivar novas perspectivas aos estudos comparatistas,  na medida em que trata das ambiguidades a que estão sujeitos os escritores e intelectuais situados em uma cultura que não pode ignorar a sua história, assinalada pela imposição dos códigos “civilizatórios” europeus.

Entre o sacrifício e o jogo, entre a prisão e a transgressão, entre a submissão ao código e a agressão, entre a obediência e a rebelião, entre a assimilação e a expressão, – ali, nesse lugar aparentemente vazio, seu templo e seu lugar de clandestinidade, ali, se realiza o ritual antropofágico da literatura-latino americana (Santiago, O entre-lugar do discurso latino-americano  29).

O crítico reflete que nesse “entre-lugar”, cabe ao discurso dos “dominados” um trabalho antropofágico que ofereça uma resposta aos padrões ocidentais de unidade e pureza, evitando uma tradução literal desses valores e propondo uma tradução parodística.

Como resultado dessas reflexões, citamos os ensaios reunidos no livro de Silviano Santiago Uma literatura nos trópicos, de 1978. A idéia desenvolvida por Silviano consiste numa preocupação em se compreender o momento cultural como um todo, empreendendo uma leitura ideológica que impede que a avaliação estética encubra as ambivalências vanguardistas.

A análise da produção modernista e das vanguardas mais recentes seria o ponto de partida para uma maior politização do discurso de Silviano Santiago, agora voltado para a participação do intelectual brasileiro nas esferas de poder. Já no final da década de 1970, em “Vale quanto pesa: A ficção brasileira modernista“, o crítico passa a abordar o tema, que será recorrente em sua produção posterior.

Silviano Santiago, de forma perspicaz, nota que é por meio do questionamento do papel do intelectual enquanto porta-voz da sociedade que se abre a via para o surgimento da literatura que tematiza as questões das minorias na América Latina. Uma literatura capaz desestabilizar as “micro-estruturas de poder” e de propor um novo papel para o intelectual no contexto contemporâneo. A partir dessa produção, o crítico marca outras importantes contribuições a exemplo de sua participação como coordenador brasileiro do projeto As literaturas da América Latina: uma história comparada de formações culturais. Trata-se de uma pesquisa de caráter internacional, que apresenta como proposta a produção de uma história literária que incorpore novos gêneros antes considerados não literários e na qual o cânone “oficial” possa dividir espaço com a produção de grupos marginalizados. Estes estudos contribuem para uma mudança de perspectiva nos estudos comparativistas no contexto latino americano.

A partir da década de 80, a abordagem comparatista no Brasil passou a ser uma constante nos trabalhos acadêmicos entre estudiosos da literatura, nas universidades dos grandes centros, que, deixando de lado os excessos formalistas, começaram a se preocupar com uma maior contextualização do objeto de estudo, refletindo, inclusive na ampliação da teoria literária que passou a incluir os campos da história e da sociologia, da cultura e da política.

Eduardo Coutinho (2008) reflete sobre a conquista gradativa do espaço que a disciplina de Literatura Comparada foi alcançando nas literaturas periféricas do chamado terceiro mundo. Conforme o autor, não é mais a relação de semelhança ou continuidade que passa a prevalecer na leitura comparatista, sempre desvantajosa para o texto segundo,  mas o elemento de diferenciação que este último introduz no diálogo intertextual estabelecido com o texto primeiro.

Salienta, o crítico que a revalorização da perspectiva histórica foi um marco para o campo dos estudos literários latino-americanos. Cita autores como Vicente Huidobro, Borges, Oswald de Andrade, Carpentier que com suas idéias já teriam contribuído para uma “transculturação” na narrativa do continente. Coutinho argumenta sobre a necessidade de inclusão nos estudos dos múltiplos registros  existentes no continente e da importância de se abordar de maneira contrastiva as literaturas das diversas nações da América Latina, ou mesmo de grupos de regiões que extrapolam as fronteiras políticas entre as nações. Como reconhecimento dessas questões e a carência de estudos desse tipo no comparatismo latino-americano que, a princípio, traçava paralelos entre literaturas de línguas diferentes, Coutinho reflete de modo crítico-reflexivo, como já o havia feito Ana Pizarro (1985, 50-1), ao tratar de diretrizes assumidas pelos estudos comparados: a tradicional relação América Latina / Europa Ocidental; a relação entre as literaturas nacionais no interior da América Latina, e as relações entre a Literatura Latino-Americana e as da Europa Ocidental, acrescentando também a América do Norte.

Seguindo as reflexões de Silviano Santiago, Eduardo Coutinho e os  estudos anteriores desenvolvidos por Tânia Carvalhal, créditos reconhecidos por Coutinho, observa-se a crescente importância que a Literatura Comparada  tem adquirido no cenário acadêmico do país. Basta que se observem os temas-chave que passaram a ser discutidos nos encontros científicos da Literatura Comparada, principalmente nos encontros da ABRALIC.

Temas como “Para além dos binarismos:  descontinuidade e deslocamentos”, que propicia a discussão sobre a necessidade de ultrapassar certas fronteiras binárias que se estabeleceram entre diversas formas do conhecimento, que erguem barreiras e excluem a figura do outro. Neste viés seguem temas como:  “Identidades Culturais”; “Nacionalismos”; “Sexualidade e as discussões sobre a idéia de poder”; “Interdisciplinaridade – relação com as demais atividades artísticas e outras áreas do saber”. “Tradição e ruptura”, tema importante que permite discutir questões como a implosão de um cânone universal. “Literatura Comparada – interfaces e transições”. Estes são alguns dos temas que citamos, mas há de se verificar, também temas que apontam para uma visão inter e transdisciplinar da disciplina.

Aqui, poderíamos então indagar – que direções devem ter os estudos comparados na contemporaneidade?

Encontramos parte da resposta para esta questão, em estudos como os aqui já citados de Eduardo Coutinho, a exemplo do texto apresentado em congresso da ABRALIC em 1991 denominado: “Sem centro nem periferia: é possível um novo olhar no discurso teórico-crítico latino americano?”

As discussões propostas por Coutinho apontam para a relação dialógica de escritores latino-americanos com a tradição estrangeira e ao conceito desenvolvido por Piglia denominado “mirada estrábica”, que pressupõe uma duplicidade de visão no intelectual que mira outros contextos, outras culturas, mas não perde de vista seu lócus de enunciação:

La conciencia de no tener historia, de trabajar con una tradición olvidada e ajena; La conciencia de estar en un lugar desplazado e inactual. Podríamos llamar a esa situación La mirada estrábica: Hay que tener un ojo puesto en la inteligencia europea y el otro puesto enlas entrañas de la patria (Piglia 61).

A expressão “la mirada estrábica” refere-se ao caráter ambivalente e seminal das culturas representativas do chamado terceiro mundo – “um olhar dirigido para a inteligência européia e outro para as entranhas do país”. Esse olhar estrábico anularia – “o pólo de oposição que gira em torno das categorias exterior/interior, centro/periferia, sujeito/objeto.

Tal entendimento requer uma tomada de atitude dos intelectuais latino americanos em relação à tradição, muito bem definido por Silviano Santiago em “O entre-lugar do discurso latino-americano” (Santiago, O entre-lugar do discurso latino-americano 11). Segundo o crítico, esse intelectual convive com uma tensão constante, pois se vê dependente da cultura européia, desejando, assim, apropriar-se de sua tradição e, ao mesmo tempo, libertar-se através de uma atitude de transgressão e irreverência. Nesse jogo duplo, o escritor vale-se de uma tradução que prima pela transformação do objeto original, uma tradução que modifica os dois lados envolvidos.

Coutinho avança na discussão ao observar que o cânone ou cânones tradicionais não mais se sustentam, considerando que “eram constituídos por critérios estipulados pelos setores dominantes da sociedade, que reproduziam o olhar europeu, primeiramente ibérico, à época da colônia, e posteriormente, após a independência política, de outros países, mormente a França” (Coutinho, Literatura Comparada na América Latina: ensaios 38).

Pela antítese periférica, os comparatistas atuais que questionam a hegemonia das culturas colonizadoras abandonam o paradigma dicotômico e se lançam na exploração da pluralidade de caminhos abertos como resultados do contato entre o colonizador e o colonizado.

Coutinho reconhecea a repercussão que críticos como Eduard Said, Homi Babha e Gayatri Spivak tiveram ao desafiar o processo sistemático instituído pelas nações colonizadoras de “inventar” outras culturas.

Nesse sentido, a reestruturação do cânone ou cânones das diversas literaturas latino americanas é debatida no meio acadêmico latino americano, como a inclusão das línguas e de culturas de minorias étnicas. A produção ensaística de Coutinho motiva outros pesquisadores a pensar sobre a urgência em se desenvolver uma reflexão teórica que tome como ponto de partida ou de referência o corpus literário do continente, o que já se visualiza em bancos de teses e dissertações da pós-graduação no país, assumindo-se a importância da produção de escritores e críticos em países como o Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e outros, antes, vistos como periféricos.

Se não podemos desvendar as margens de nosso próprio pensamento, é através do outro que estas margens nos são sugeridas, argumenta Coutinho (2008). Isto é, é pela e através da diferença que podemos afirmar o potencial desconstrutivo seja da diferença ontológica, seja da différance derridiana.

Nesta perspectiva, a renovação da Literatura Comparada na América Latina parece ter assumido a necessidade de enfocar a produção literária a partir de uma perspectiva própria, calcada na realidade do continente, buscando um diálogo no plano internacional. Assim, a Literatura Comparada no contexto atual coloca-se como um campo de inúmeras possibilidades de exploração, ultrapassando o anseio totalizador de suas fases anteriores, construindo um diálogo transcultural, colocado no entendimento de diferenças.  Este posicionamento ganha respaldo  teórico-argumentativo na produção ensaística brasileira que fundamenta  e instiga um novo olhar para a disciplina.

 

Referências

CARVALHAL. Tânia Franco; COUTINHO, Eduardo F. (Orgs.). Literatura Comparada – textos fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

CARVALHAL, Tania Franco. Culturas, contextos e discursos: limiares críticos no comparatismo. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1999.

_______. Literatura comparada. São Paulo: Ática, 1986.

COUTINHO, Eduardo F. “Sem centro nem periferia: É possível um novo olhar no discurso teórico-crítico latino-americano?”. In: Anais do Segundo Congresso ABRALIC. Belo Horizonte, ABRALIC, 1991.

_______. Literatura Comparada na América Latina: ensaios. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2008.

DERRIDA, J. A diferença. In: DERRIDA, J. Margens da filosofia. Campinas: Papirus, 1999a.

DERRIDA, J. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 1999b.

SANTIAGO, Silviano. O entre-lugar do discurso latino-americano. In: ____. Uma literatura nos trópicos. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 11-28.

_______. Vale quanto pesa: A ficção brasileira modernista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

LIMA, Luciano Rodrigues. Desconstruindo a lingüística estruturalista: o castelo de Saussure sitiado pelo pensamento de Derrida. Disponível em <http://www2.docentes.uneb.br/lucianolima/artigos>. Acesso em 10/03/09.

PIGLIA, Ricardo. Memoria y tradición. In: _____. Literatura e memória cultural. 2° Congresso ABRALIC.  Anais. Belo Horizonte: Associação Brasileira de Literatura Comparada, 1991, v.1, p. 60-66.

 

 

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